Vestido com agasalho preto, camiseta azul e tênis, ele abre a porta lateral da sala principal da Estância do Lago e diz um “booooooommm diaaaaa” acalorado, quente o bastante para espantar para longe o 1º C desse gelado inverno sulista. É o Piragibe de Oliveira, mais conhecido como Pira, um senhor grisalho, já com 68 anos, que tem a energia de um adolescente que acabou de ficar maior de idade.
Se a Terê é a raiz da Estância do Lago, o Pira é a alegria. Quando dizemos no Facebook que ele vem passar alguns dias no spa, chove de gente querendo vir para cá também, só para ficar perto dele. “Seu Pira é bonzinho e distribui amor”, brinca a coordenadora de marketing, Maria Fernanda Neves.
Pira nasceu aqui em Curitiba mesmo. Morava no bairro Alto Cajuru, hoje conhecido como Cristo Rei. Quando criança, gostava de roubar frutas de um pomar. “Eu e a gurizada, minha galerinha, víamos aquelas frutas e ficávamos loucos para pegar” conta, dando gargalhadas. O pomar ficava no terreno onde hoje é o Jardim Botânico. Naquela época, conta Pira, era tudo mato.
Da criança que pegava fruta, ele se transformou em jogador de futebol na adolescência. Jogava na frente, como centroavante. Não era um Pelé, nem um Neymar, mas chegou a ganhar a Copa Tribuna junto com seu time, o Água Verde. Pensava em seguir carreira, mas quando estava prestes a virar profissional, passou na escola de Sargento.
De Curitiba, foi direto para o sol escaldante de Recife. “Sou do tipo gordinho que me adapto ao calor. Um dia eu suo, depois acostumo”, brinca, gesticulando as mãos. Na capital de Pernambuco, viveu por 12 anos. Depois morou um tempo em Porto Alegre, ocupou o cargo de escrevente (detalhe: ele não sabia usar a máquina de escrever) e, por fim, se aposentou quando voltou à capital paranaense.
Apesar da carreira militar, Pira sempre foi um apaixonado pela noite. Foi, é e sempre será um boêmio, no melhor sentido da palavra. Na década de 60/70, por exemplo, vivia nos bailes de Curitiba. Quem é daquela época deve se lembrar das noites da Iguaçu e da Sociedade Mercês. ^^
Quem o vê hoje em dia, nem imagina que um dia correu a maratona de São Silvestre. Sim, foi em 2000. Para competir, treinou de maio a dezembro, 20 dias por mês com um Educador Físico da Estância do Lago. Perdeu, nesse período, 53 quilos. Fez a prova em duas horas e meia. É um exemplo de persistência.
Se você ainda não o conhece, terá muitas chances de conhecê-lo. Ele costuma frequentar a Estância seis vezes por ano. Isso desde 1988. “Aqui é minha segunda casa”, diz.
Piragibe, obrigado por trazer tanta alegria à Estância do Lago. Obrigado pela sua energia, carisma e calor humano. Você, para nós, é um grande amigo. E saiba que, como diz Mario Quintana, “a amizade é um amor que nunca morre”.
Veja também: Entrevista com a fisioterapeuta Thays Cavassin